terça-feira, 9 de abril de 2013

Semana decisiva para Suape

Relatório final sobre a MP dos Portos, que recebeu quase 650 emendas, deve ser entregue até sexta
 

Uma das soluções que vêm sendo estudadas para o complexo seria transformá-lo em terminal de uso privativo

Esta semana será decisiva para o Complexo Industrial Portuário de Suape. O Congresso Nacional deve entregar até a sexta-feira o relatório final sobre a Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos. O documento recebeu cerca de 650 emendas. Todas estão sendo analisadas. O que se espera é que as alterações que tratam sobre o Porto de Suape, o único entre os afetados pela medida que engloba um complexo industrial, sejam aprovadas.

Enquanto espera, o governo do estado já analisa o que pode ser feito caso o texto seja aprovado na íntegra. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Márcio Stefanni Monteiro, uma saída pode ser a retomada de uma ação na Justiça solicitando a transformação de Suape em um TUP (Terminal de Uso Privativo), o mesmo modelo adotado no Porto de Pecém, no Ceará.

“Não seria o modelo ideal, já que sendo um TUP o nosso porto não poderia receber recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O que poderíamos fazer seriam convênios. Mas o governo federal vem realizando investimentos no complexo, por isso o ideal é que Suape permaneça do jeito que está, fazendo o planejamento, elaborando relatórios e enviando para aprovação da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários)”, afirmou.

Publicada em dezembro do ano passado, a MP 595 estabelece um novo marco regulatório para o setor portuário. O problema é que, da forma como está, a medida centraliza na Secretaria Especial de Portos a responsabilidade pelo planejamento do sistema portuário em todo o país. Além da demora na aprovação dos projetos, a MP causará uma perda de autonomia das áreas do complexo. De acordo com a lista divulgada no dia 18 de fevereiro pela Secretaria de Portos da Presidência da República, mais de cem hectares do equipamento poderão ser arrendados à iniciativa privada nos próximos meses, sem a ingerência estadual. Caberá à administração dos portos apenas a resolução de problemas operacionais.

Três projetos considerados prioritários para o complexo estão travados em Brasília aguardando as alterações da MP 595. Um dos projetos que aguarda o retorno da agência é a construção do segundo terminal de contêineres, um investimento de R$ 697 milhões da iniciativa privada e R$ 133 milhões do setor público. O terminal deveria estar operando já neste semestre. Segundo Monteiro, o projeto já estava, inclusive, aprovado na Antaq quando começaram as discussões e suspenderam as liberações.

Outro caso preocupante é a construção do terminal multifuncional na ilha de Cocaia, que há cinco anos vem sendo discutido. Recursos de R$ 377 milhões já foram assegurados pelo governo federal. A este valor devem ser somados R$ 869 milhões, que serão aplicados pela empresa privada vencedora da licitação. O problema é que o decreto que autoriza o início do processo licitatório ainda não foi publicado. O terminal irá atender à demanda da Refinaria Abreu e Lima, que entra em operação em 2014. A construção de um terminal de grãos no complexo, um investimento de R$ 850 milhões, também está na gaveta dos órgãos federais.

Estudo mapeia indústria na Zona da Mata

Levantamento mostra que complexo industrial de Glória do Goitá, Pombos e Vitória movimenta R$ 4,3 milhões por mês
Do JC Online


Na foto, a planta fabril da Mondelez (Kraft), em Vitória de Santo Antão
Foto: Michele Souza/JC Imagem

As cidades do interior do Estado começam a ter uma ideia mais concreta dos efeitos da interiorização da industrialização. De acordo com um estudo encomendado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sdec) à empresa Dados Informações e Pesquisa (DIP), o complexo industrial que se formou nos municípios de Glória do Goitá, Pombos e Vitória de Santo Antão a partir de 2009 movimentam atualmente R$ 4,3 milhões por mês nessas cidades, antes marcadas pelo comércio ou atividades rurais.

Apesar da rápida expansão de empreendimentos industriais nessa região, ainda não havia um estudo que mostrasse as principais as principais demandas das empresas e pontos negativos como a carência de fornecedores locais e de mão de obra qualificada.

De acordo com o secretário executivo de políticas de desenvolvimento da Sdec, Felipe de Moraes Chaves, a escolha pelo mapeamento da região ocorre por conta da rápida expansão de investimentos nas cidades. “Em Suape, já há vários estudos e diagnósticos para o território estratégico, a Região Metropolitana também já tem uma dinâmica, mas também é preciso ter um mapeamento de regiões como Goiana e as cidades do interior, que têm um desenvolvimento industrial muito recente. A escolha por iniciar o mapeamento por Vitória, Pombos e Glória do Goitá deve-se à expansão que essas cidades tiveram em pouco tempo”, avalia.

Felipe de Moraes considera que o mapeamento revela a necessidade de pequenas empresas instaladas nessas cidades passarem a se integrar na cadeia. “A pesquisa tem como uma das intenções aproximar essas indústrias das pequenas empresas, que podem se tornar fornecedores. Claro que as indústrias que se instalam agora nesses municípios vão considerar insatisfatória a qualidade de mão de obra existente na região, que antes eram marcadamente rurais, mas que começam a ter investimento em qualificação do próprio setor privado. Outro ponto importante do mapeamento é que quando todas as empresas pesquisadas tiverem a instalação concluída deverão movimentar R$ 56 milhões ao ano.”

O secretário de desenvolvimento econômico Márcio Stefanni reforça a necessidade dos empreendimentos gerarem renda nas cidades em que estão instaladas. “Os investimentos precisam estar nos municípios, mas os municípios também precisam estar nesses investimentos. A riqueza gerada deve ficar em Glória, Pombos e Vitória.” Das compras feitas na região, 50% são apenas de pequenas compras. “Nosso objetivo é que comprem muito mais aqui.”

O estudo mostra pontos negativos apontados pelas empresas, como carência de fornecedores locais e de mão de obra qualificada. Das doze empresas entrevistadas no estudo da DIP, 36% dos empresários consideram que a infraestrutura disponível é insuficiente, enquanto 64% consideraram satisfatória. Entretanto, 64% consideram insatisfatória o acesso ao Porto de Suape.

JC ONLINE